Pesquisa

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A arte da Guerra de Sun Tzu.

Escrito no séc. IV a.C., há cerca de 2.500 anos, por Sun Tzu, um general e estrategista chinês, o livro "Arte da Guerra".

Sun Tzu escreveu antes de Cristo esse manual onde contém os príncipios básicos, para entrar e sair vitorioso em uma guerra. Hoje esse livro é usado de maneira diversas desde grupos rebeldes até mesmo por empresas afim de conseguir melhores resultados.


Eduardo Bueno - O tardio fim da escravidão no Brasil - History channel.

A última das colonias a dar um fim na escravidão, mas será que realmente terminou ou as práticas que mudaram? Ela ainda visita os meios de comunicações...



Nação Pernambuco - Lorenzo Aldé.

Nesse texto podemos ver claramente o que acontece hoje na questão sobre o nativismo, o orgulho de sua região, que muitas vezes se confunde com Pátria.

O JORNALISTA LORENZO ALDÉ PARA EXPLICAR O ORGULHO DO PERNAMBUCANO EM UM EXEMPLO DE NATIVISMO CITA A NAÇÃO ZUMBI EM: "Nação Pernambuco". Eu já conhecia o trabalho de Chico Science e a nação zumbi e o movimento Mangue Beat (inventado já na década de 1970 pelo guitarrista Robertinho de Recife), uma mistura do moderno com o tradicional, que projetou o falecido Chico Science para o mundo.

Nesse texto mostra um orgulho tão exagerado, por parte dos pernambucanos, chegando ao ponto de dizer que quem fundou a cidade de Nova York foram quem? Quem? pois é os pernambucanos, mas afinal quem não tem orgulho do seu estado de origem? Esse orgulho vem desde a época imperial, onde os estados que conhecemos hoje eram pátrias, o Brasil era o país e a nação era Portugal. Onde na Bahia Cipriano Barata defende junto a câmara portuguesa os interesses de sua pátria baiana.

A Tentativa de Dar a História Um Status de Ciência.

Em sua obra, A Historia Entre a Filosofia e a Ciência, Jose Carlos Reis navega desde a Escola Metódica (Positivista) chegando até a escola dos annales.

Segundo o autor todas as correntes historiográficas tentaram excluir a filosofia da história e elevá-la a condição de ciência, a que mais se aproxima é o Marxismo com o seu materialismo histórico, mas recorre muitas vezes também a filosofia, tentaivas em vão, mas que contribuiram fundamentalmente para o alargamento do campo histórico, onde surgiram os especialistas, onde o historiador não precisa abordar todo o fato e transformar seus livros em verdadeiras bíblias e optar por um recorte temporal, todo documento para história passa a ter importância, até mesmo os falsos, pois de alguma forma serviu para alguém, para defamar, ou quem sabe?

Também surgiram obras importantes tanto no Marxismo como nos Annales, tais correntes até hoje influenciam a academia, dando ao pesquisador métodos de analisar e conceber a sua historiografia, Marx, Fernand Braudel, Marc Bloch, Lucien Febvre, etc..

O nosso país não é diferente somos influenciados pelas correntes históricas européias: tanto a Marxista quanto a dos Annales.

Lembre-se sempre que a historiografia é a visão do historiador que a concebeu, ou seja, é como na fisica dependente de onde está localizado o obsevador, pode-se haver várias historiografias sobre o mesmo assunto mas sempre com um foco diferente, pois cada um tem um gosto, o que faz de nós pessoas incapazes de possui a neutralidade, pois não tem como se manter neutro diante dos fatos, pois seria renunciar a si para que o objeto investigado sobressaia, mas sempre se abster de juízo de valor.

REIS, José Carlos. A História entre a filosofia e a ciência. São Paulo: Ed. Ática, 1996.

DOLHNIKOFF, Mirian. (org). Projetos para o Brasil/José Bonifácio de Andrade e Silva.São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

Hoje lendo um texto de Brasil I, segundo o autor: José Bonifácio era um homem a frente do seu tempo, foi o primeiro a querer integrar o nativo e o negro a sociedade brasileira, foi o primeiro a pensar em abolição da escravatura, criando artigos, pois ele estava contagiado pelo espírito positivista e seria essa a primeira tentativa de libertar o Brasil das mãos da coroa portuguesa e tendo peitado os grandes proprietários de escravos, acabou sendo preso e exilado, e por fim apagado da história.
DOLHNIKOFF, Mirian. (org). Projetos para o Brasil/José Bonifácio de Andrade e Silva.São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Resenha do filme: A OUTRA (The Other Boleyn Girl)

Um filme dirigido por Justin Chadwick, que tem em seu elenco atores como: Scarlett Johansson, Natalie Portman, Eric Bana, Jim Sturgess.

Esse filme trata das causas que levaram à Inglaterra ao rompimento com a igreja católica e reforma da igreja nesse país, dando um novo rótulo (anglicana), que marca o rei não somente como o dono da terra e agora chefe da religião, dando a ele e aos seus súditos (os conspiradores como mostra Maquiavel em “o príncipe”) o controle da sociedade.

Ana (Natalie Portman) e Maria (Scarlett Johansson) são irmãs que foram convencidas por seu pai e tio a aumentar o status da família entretendo o rei Henrique Tudor (Eric Bana), da Inglaterra.

Elas vão morar na corte e Maria conquista o rei, dando-lhe um filho ilegítimo. Mas não é o suficiente para que Ana desista de seu intento, buscando de todas as formas se vingar de sua irmã Maria a quem ela acusa de ter divulgado seu casamento realizado em segredo com um jovem de família importante, visto que os casamentos entre famílias importantes teria que haver uma divulgação oficial e da rainha Catarina de Aragão (Ana Torrent), que teve um peso muito forte na decisão de mandá-la para o exílio na França. Onde aprendeu com os nobres a arte da manipulação, reproduzindo em sua volta a Inglaterra algo bem parecido com o que faz seu tio e pai, com uma exceção que eles fazem para obter prestigio para a família e ela com intuito de vingança. O que irá culminar na dissolução do casamento real para uma união nova que não contará com a aprovação de Roma e resultará na separação com a igreja católica.

Então Ana (Natalie Portman) se casa com o rei Henrique VIII (Eric Bana), com a promessa de dar a ele um herdeiro legítimo, o que não acontece, nascendo uma menina (Elizabeth) e depois um filho que nasce morto para descontentamento do rei, levando ele a procurar em outras famílias mulheres para seu entretenimento. O que levam Ana a atitudes desesperadoras que a levará a um julgamento onde será acusada de traição, em um tribunal onde seu tio também é um magistrado e sentenciam ela e o irmão a morte.

Esse filme trata das causas que levaram à Inglaterra ao rompimento com a igreja católica e reforma da igreja nesse país, dando um novo rótulo (anglicana), que marca o rei não somente como o dono da terra e agora chefe da religião, dando a ele e aos seus súditos (os conspiradores como mostra Maquiavel em “o príncipe”) o controle da sociedade.

O título da obra “A outra” em português, trata de quem afinal? Ana ou Maria? Em um exemplo de superação diante de tantos empecilhos para que ela se aproximasse do rei e conquistasse a sua confiança em meio à sedução, em um jogo, onde a vingança e prestígio familiar são os maiores destaques, então seria Ana, mas visto que Maria encantou Henrique VIII, amando-a e lhe dando um filho homem, escapando ilesa dessa trama talvez pudesse ser ela a outra, visto diante desses pequenos equívocos cria-se uma lacuna, onde o título é tão pequeno diante de tantas outras que passaram pela vida desse rei.

A análise aqui é de uma Inglaterra onde as famílias importantes em busca de prestígio, se submetem aos mandos e desmandos de uma nobreza que passam por cima dos valores por uma mercê do rei. E por conseqüência o rompimento com a igreja católica, reformulando a igreja, dando ao rei o título de chefe.

É nesse contexto, onde o rei tentará preservar o máximo em sua igreja da tradição e costumes católicos. Também as penas de morte que é um meio de divertimento das maças, farão de católicos e Ana baptistas suas vítimas no reino unido, onde os católicos terão seus bens confiscados pelo estado.

Esse filme pode ser usado para explicar aos alunos seja do ensino fundamental, médio ou superior, como nasceu à igreja anglicana, fazendo uma ligação com o sistema monárquico proposto por Maquiavel ou outros autores do gênero. Sempre com o olhar da crítica, pois muitas vezes confunde a idéia do autor ou diretor com o fato histórico.

O AUTOR

Philippa Gregory nasceu em 9 de Janeiro 1954 é uma romancista britânica, associada principalmente por suas obras de ficção baseadas em História real. Nasceu no Quênia, quando tinha dois anos sua família mudou-se para Inglaterra. Na escola, era rebelde, mas decidida a cursar a Universidade, estudando na Universidade de Sussex. Ela trabalhou na rádio da BBC por dois anos antes de freqüentar a Universidade de Edinburgh, onde ela conquistou seu doutorado em literatura do século 18. Gregory, que deu aulas na Universidade de Durham, Universidade de Teesside, Universidade Open, foi nomeada Fellow na Universidade de Kingston em 1994. O passado acadêmico de Gregory deu a ela conhecimento e entusiasmo de muitos períodos da história, mas em particular o período Tudor (na Inglaterra), e o século 18. A sua pesquisa sobre a literatura do século 18 a levou a escrever sua trilogia que mais vendeu: Trilogia Wideacre, que foi seguida pelo livro The Wise Woman. O romance A Respectable Trade que fala sobre o tráfico de escravos na Inglaterra, situado no século 18 na cidade de Bristol, foi posteriormente adaptadado para um seriado para o canal da BBC. O roteiro de Philippa foi nomeado a um BAFTA, ganhou um prêmio do Comitê de Igualdade Racial e o filme foi transmitido para todo o mundo.

O romance de maior sucesso de Gregory foi A Irmã de Ana Bolena, que foi publicado em 2002 e adaptado para o cinema em 2007 por Justin Chadwick. No ano de sua publicação A Irmã de Ana Bolena também ganhou o prêmio Parker Romantic Novel of the Year e posteriormente houve as sequências: O Bobo da Rainha, O Amante da Virgem, A Princesa Leal, A Herança de Ana Bolena e The Other Queen.

O DIETOR

Justin Chadwick, nascido em 6 de dezembro de 1968, em Salford, criado em Manchester e Bolton. Sua mãe é uma professora de arte. Justin juntou Bolton Little Theatre e jogou Billy Casper em 'Kes' em 11. Ele então se juntou Manchester juventude teatro e Jan jogado na estreia mundial de Ian Serraillier de A Espada de Prata no Oldham Coliseum aos 14 anos. Justin formou-se com uma primeira licenciatura Class em Performing Arts Drama de Leicester. Ao longo da faculdade, ele fazia parte de NSDF (Festival Nacional de Teatro Student).

Justin é premiado na televisão, teatro e diretor de cinema que recentemente completou tiro O aluno da primeira série, estrelada por Naomie Harris para fotos Origem / Productions Sexto Sentido para a BBC Films e da UK Film Council. Seu primeiro longa-metragem foi o aclamado The Other Boleyn Girl (a outra), que estreou em 2008 no Festival Internacional de Berlim, estrelado por Eric Bana, Natalie Portman e Scarlett Johansson.

Anterior a esta Justin set-up da mini-série, Bleak House, e nove dos quinze dirigido episódios, que foram transmitidos pela BBC no Reino Unido, e pela PBS nos Estados Unidos como parte de sua série Masterpiece Theatre. Ele foi indicado para o Prêmio Emmy Prime-time para Outstanding Diretor para um filme, Minissérie ou Especial Dramático, a Royal Television Society Award para o desempenho Breakout Behind the Scenes, e, o prêmio BAFTA de Melhor Direção por seu trabalho em Bleak House, que foi o vencedor Melhor Drama Serial no British Academy Television Awards 2006. Bleak House foi nomeada para dois Globos de Ouro, três Satellite Awards e ganhou a Royal Television Society Awards, a Broadcasting Awards Press Guild Awards eo Television Critics.

Vindo de um fundo de ator, ele começou sua carreira como diretor no teatro com a premiada produção, incluindo Molieres Hypochondriac nas salas Assembley durante o Festival de Edimburgo. Ele fez sua estréia na televisão com o 1993 Family Style televisão filme estrelado por Ewan McGregor, depois que ele dirigiu e atuou em Shakespeare Shorts, uma série que explorou a história de personagens de Shakespeare e apresentou-os em cenas-chave da toca em que apareceram. Ele dirigiu episódios de East Enders, Byker Grove, The Bill, Spooks, e criar a série "para Red Cap e Prevenção Murder.

Edimarcio da Silva Souza, Acadêmico do Curso de História da Faculdade de Filosofia, ciências e Letras de Duque de Caxias – FEUDUC.

Resumo: MARQUESE, Rafael de Bivar. Ideologia Imperial e o Governo dos Escravos nas Américas, c. 1660-1720. Afro-Ásia. 2004.

Colonização Inglesa, Portuguesa e Francesa no novo mundo

Introdução

No século XVII, marcou uma grande organização dos poderes imperiais europeu no espaço do atlântico.

A crise espanhola e portuguesa foi que abriu caminho a outras potências européias no continente americano como: França, Inglaterra e Holanda. Os espanhóis perderam grande parte dos territórios antilhanos; por outro lado com a crise na Índia, o atlântico sul se tornou território da coroa portuguesa, que com muita dificuldade resistiram aos ataques holandeses. Em decorrência de tais dificuldades, os poderes imperiais de cada um desses países, foram igualmente reavaliados. Foram transformações que somente adquiriram contornos mais evidentes no século XVII, com o avanço da agricultura escravista. Com o alavancamento das colônias caribenhas surge uma profunda crise no setor econômico que afeta a América portuguesa, que será contornada pela descoberta de ouro no interior de seu território, o que tornou necessária a mão-de-obra escrava, dando início à rota do negreiro transatlântico. Que estimulou o aumento da resistência escrava, presentes em eventos como a guerra palmarina.

O tema “escravidão” no novo mundo atraiu a atenção de teólogos e juristas europeus desde XVI. A literatura surge após a segunda metade dos seiscentos, com caráter diferente, pois se concentrou no comportamento dos senhores diante dos escravos e não na autenticidade do cativeiro, em sua maioria escrita por religiosos.

Antilhas Inglesas

A ocupação dos colonos de Barbados é de 1620, que contou com o auxílio dos holandeses expulsos da América portuguesa. Isso provocou uma rápida transição de uma economia voltada para a cana-de-açúcar que se espalhou por todo Caribe Inglês. Para atender a demanda constante, empregou-se a mão-de-obra escrava de negros.

A população branca em Barbados era inferior a quantidade de negros no ano de 1684, onde tinha 19.568 de brancos contra 46.602 de negros.

Em 1650 na ilha de Barbados predominou a produção de açúcar com o emprego em larga escala de mão-de-obra escrava, devido ao sucesso se espalhou a toda as ilhas de domínio inglês.

As mudanças sociais e demográficas ocorridas nas ilhas inglesas trouxeram possibilidades de resistência escrava. Em Barbados, São Cristóvão e Nevis, em 1650 e 1660, houve uma série de notícias sobre fuga de escravos. Na década seguinte a resistência escrava se intensificou em todo o Caribe inglês, seja, com levantes abortados ou mesmo com revoltas organizadas, destacando-se os cativos de coromantes de Barbados e Jamaica, na qual adquiriu dimensões mais sérias. Após a conquista da Jamaica por Oliver Cromwell (1655-1667), os colonos lutaram contra escravos fugitivos espanhóis, em que resultaria mais tarde em comunidades quilombolas. Os colonos ingleses sufocaram seis revoltas após estabelecer bases sólidas, a escravidão nas plantations Jamaicana, em 1673 e 1694.

A fim de acabar com as revoltas escravas, as assembléias coloniais de domínio inglês, elaboraram leis a fim de controlar os negros. O princípio da legislação escravista inglesa foi o “Ato de Barbados Para Melhor Ordenamento e Governo dos Negros”, aprovado pela assembléia colonial em setembro de 1661, onde no final do século XVII, seria copiado e adaptado para o restante da colônia com grande número de escravos. Tanto o Ato de Barbados quanto as leis posteriores aprovadas tinha o objetivo de controlar as revoltas escravas com base no medo.

O princípio dessas leis era dar total autonomia aos senhores para controlar seus escravos. Tais leis davam mais deveres aos escravos para com seus senhores que direitos, cabendo este aos senhores. Seu único dever para com o escravo perante a lei era o de vestir, alimentar e acomodar, conforme os costumes de seu país, o que não deixava também explícito cabendo a interpretação a cada senhor.

O reverendo Morgan Godwyn sabia da estrutura jurídica das colônias e as tensões entre escravos e senhores, pois além de criticar o costume senhorial de não tornar o negro cristão, deu uma alternativa para o controle que não se baseava no medo. Godwyn com base em sua experiência na Virgínia e Barbados nas décadas de 1660 e 1670, chegou a conclusão que pelos senhores ingleses serem contrários a cristianização dos escravos tornava a evangelização das populações negras na América monopólio dos católicos. Para ele os colonos ingleses não conheciam outro Deus senão o dinheiro e outra religião senão o lucro. O principal argumento dos senhores era que o batismo de seus escravos contrariava a ordem e interesses da ordem senhorial. O outro argumento era o desconhecimento da língua inglesa e a inumanidade do negro, que o transformavam em animais irracionais. Na concepção de Godwyn, os anglicanos deveriam responder aos colonos ingleses embasados em três princípios: sendo os negros homens teriam direitos iguais a religião, mesmo direito que os ingleses e a negação desse direito seria a maior das injustiças. Deste modo Godwyn provou que os negros são homens, possuidores de uma alma imortal, de raciocínio e por fim teria direito a professar o cristianismo.

Essa idéia de inumanidade do negro não estava somente presa ao Caribe inglês, era um costume entre as classes proprietárias e os letrados ingleses dos séculos XVII e XVIII, onde se enquadrava nesta mesma categoria os irlandeses, índios, os pobres e em alguns casos as mulheres e crianças. No caso da América para os ingleses o negro era comparado ao macaco, o que fez Godwyn reunir uma série de provas com base no dia-a-dia, para fazer cair esta idéia do negro como animal irracional, onde deu exemplos de racionalidade o fato de articular discurso, comercializar, ler e escrever, sendo que muitos negros administravam negócios e desempenhavam funções diretas na propriedade.

Deste modo sendo o escravo portador de uma alma, ele adquiria então direitos como qualquer ser humano, direitos esses estipulados pelas sagradas escrituras, onde o senhor daria em retribuição aos serviços prestados: um bom tratamento e auxiliá-lo na salvação da alma, mantendo os princípios do cristianismo.

Para o senhor a evangelização traria prejuízos consideráveis tais como: o senhor não terá mais o controle absoluto do seu escravo, redução da jornada de trabalho, sendo o domingo destinado para o escravo trabalhar para si e a extinção do cativeiro. Essas idéias foram defendidas pelos senhores de Barbados em um parecer de 1680 ao Comitê de Comércio e Plantações de Londres, onde alegam que a conversão destruirá as suas propriedades e ameaçará a segurança da ilha, tendo em vista que o idioma não será mais uma barreira para a organização de revoltas. Godwyn mostra que com a conversão o escravo torna-se mais obediente.

Fica claro a idéia de patriarcalidade no que foi exposto por Godwyn, com base nas escrituras, sobre o governo dos escravos: os subordinados (súditos, familiares, dependentes, servos, escravos) devendo obidiência a seus superiores (rei, pai, senhor). Tendo o escravo direito a religião desempenharia seu papel sem questionar, pois o fato se torna bíblico com base no novo e velho testamento, inquestionável, obedecendo ao senhor como um pai, deixando-o preso para sempre em uma relação de fidelidade.

Todo o empenho de Godwyn visava conciliar o lucro com a religião, dando moralidade ao senhor como pai e ao escravo dignidade. Na América portuguesa os jesuitas escreveriam com base nestas idéias.

O objetivo dos ingleses a princípio além da obtenção de lucro era a expansão da religião anglicana influenciados pelos colonizadores espanhóis que mantiveram contato na passagem do século XVI para o XVII, como mostra os escritos de: Richard Hakluyt e Samuel Purchas e as ações de Walter Raleigh na Guiana e John Smith na Virgínia, projeto este abandonado pelos ingleses e que fez parte do ideal do reverendo Morgan Godwyn.

Enfim o modelo patriarcal imaginado por Godwyn com base nas escrituras sagradas, não foi posto em prática, restando apenas a conversão dos gentios que até o século XVIII contou com a por oposição dos senhores.

América Portuguesa

A evangelização do gentio será um dos elementos estruturante dessa colonização. Para os presentes fins, importa ressaltar que a América Portuguesa se tornou o campo de atuação por excelência dos jesuitas no século XVI.

Qualquer que fosse o objeto das atenções dos jesuitas no Brasil, o caráter missionário ficava por demais evidente:

“No caso das pregações para os colonos do litoral, por exemplo, o que estava em jogo era levar a verdade de cristo aos que corriam o risco de afastar dela; para índios e negros o propósito era integrá-los ainda que em posição subordinada à comunidade católica”. (pág. 51)

A Resistência Escrava

Foi um dos elementos que motivou o surgimento de novidades na legislação lusa a respeito dos quilombos e escravidão negra.

A Legislação Complementar

Antes as ordenações cuidavam basicamente do fluxo do comércio negreiro e das receitas régias por ele geradas:

“Durante o governo de D. Pedro II (1667-1706), no entanto houve uma modificação sensível nessa tradição. Ao lado de documentos concebidos especificamente para combater os palmarinos, D. Pedro e seus representantes elaboraram, a partir de 1688, disposições legislativas que buscavam coibir os abusos senhoriais no trato dos escravos, entendidos como uma das principais razões que levaram os cativos à fuga”. (pág. 53)

“A mensagem básica dos textos inacianos era a de que os proprietários da América Portuguesa eram incapazes de governar corretamente seus escravos, pois haviam se afastado dos preceitos da moralidade católica”. (pág. 54)

Economia Cristã

O fundamento da economia cristã residiu nos deveres recíprocos entre senhores e escravos, pois “assim como o servo está obrigado ao senhor, assim o senhor está obrigado ao sevo”.

O conteúdo da economia cristã seguiu de perto este receituário:

“o primeiro discurso cuidava do provimento do pão material, o segundo do doutrinamento religioso, o terceiro da administração dos castigos e o quarto do trabalho

dos escravos”.

Castigos

“O escravo calejado com o castigo já não o teme”. (Benci – pág. 54)

Doutrinação Cristã

“A instrução religiosa dos negros era responsabilidade não só dos párocos, mas também dos senhores”.

Aplicação do Castigo

  • O terceiro discurso da economia cristã versou sobre as normas corretas para a aplicação dos castigos;
  • O castigo era algo fundamental para mantê-los dominados e disciplinados.

A crítica feita pelos jesuitas era o fato de que obrigando o escravo a trabalhar nos domingos e dias santos, feria o preceito cristão.

Benci propõe a redução da jornada de trabalho dos escravos, melhoria do sustento material, conversão para melhor disciplina e administração dos castigos. Ele tentava implantar o sitema patriarcal cristão no governo dos negros, tendo como base as sagradas escrituras. Já na análise de Antonil: “os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho”, com base no pensamento de Aristóteles do escravo como prolongamento físico do senhor. Pelo que analisamos assima a dependência do senhor pelo escravo era grande, ficando a cabeça do engenho nos braços dos feitores.

Para Antonial o castigo atribuido ao escravo pelos feitores deveria ser dosado pelo senhor, afim de que reconhecer nele a autoridade de pai. Dando margem ao senhor punir o feitor por excessos cometidos ao escravo, sem que o cativo presenciasse o fato afim de não retirar do feitor a autoridade. Esse tipo de comportamento visava tornar o feitor mais moderado e cristão, mas não destituido de autoridade.

Tendo o senhor o dever de vestir, alimentar e acomodar o cativo, este teria com base na religião o dever de obedecer e trabalhar sem questionar as condições impostas a ele pelo pai (senhor), instalando-se assim o regime patriarcal.

Antilhas Francesas

Ao longo do século XVII, o projeto colonial Francês foi definido em suas linhas gerais tal como o português.

Tal diretriz se tornou evidente, na política adotada para as Antilhas na segunda metade dos Seiscentos. A base inicial da ocupação Francesa na região foi a ilha de São Cristovão, colonizada por um grupo privado em 1627.

Nos quinze anos em que as ilhas francesas foram governadas pelos “senhores-proprietários”, seus colonos mantiveram um intenso comércio com os mercadores holandeses, responsáveis pelos estímulos dados á produção açucareira na região.

As vantagens oferecidas pelos mercadores holandeses aos colonos franceses permitiam o rápido desenvolvimento da indústria em Guadalupe e na Martinica. O controle holandês sobre o comércio com o Caribe francês era tal monta que, no comércio da década de 1660, a França se via ante a necessidade de comprar no mercado de Amsterdã grandes quantidades de açúcar produzido por súditos franceses.

Em sua história sobre as Antilhas francesas publicadas entre 1667 e 1671, o padre dominicano Jean – Baptiste Du Tertre apoiou firmemente a política mercantilista estabelecida por Colbert; em suas palavras, tratava-se de um dirigente cuja “vigilância não deixa nada escapar de tudo o que pode contribuir á gloria de Nossa Grande Monarca e á felicidade do Reino”.

Como eram os escravos que davam origem ás riquezas das Antilhas francesas e que formavam a maioria de sua população, anotou o missionário, tornava-se imperioso conceder-lhes um tratado específico para descrever”suas condutas e seus modos”.

Como assinalou Michel Foucault, a história da natureza que se consistiu no século XVII baseava- se no princípio de “pousar pela primeira vez um olhar minucioso sobre as coisas e de transcrever, em seguida, o que ele recolhe em palavras lisas, neutralizadas e fiéis”; em outras palavras, o procedimento básico da história natural, tal como praticada nos Seiscentos, consistia em observar inicialmente a natureza para, num segundo momento, classificar o que foi observado numa rede taxionômica.

Contudo, o relato do dominicano francês não deixou de prescrever o que deveria ser seguido no governo dos escravos. Suas prescrições não eram apresentadas de forma explicita, mas podiam ser observadas em cada um dos parágrafos do tratado.

O problema não era apenas a melancolia dos escravos, mas, sobretudo, o fato de que o escravo maltratado era mais propenso ao furto e a indisciplina. Na crítica feita á prática de deixar a alimentação do escravo ao seu próprio encargo cedendo-lhe uma pequena roça, subjazia a idéia de que era obrigação do senhor garantir o provimento material do cativo.

Por fim outro exemplo reporta-se ás pinicões físicas e suas conexões com o tópico da marronage(fuga dos escravos).Du Tertre afirmou, em certa passagem,” que a máxima fundamental no governo dos escravos” consistia em não perdoar nenhuma falta cometida pelos cativos.

A lembrança de Santo Ambrósio pelo dominicano não foi fortuita, pois os escritos deste patriarca cristão juntamente com os textos dos estóicos, foram fundamentais na construção das concepções de Du Tertre sobre a escravidão.

A Coroa francesa deveria normatizar as relações entre os atores sociais envolvidas na colonização, notadamente senhores e escravos, cuidando para que os preceitos básicos do catolicismo fossem seguidos por todos eis uma mensagem que perpassou todas as considerações de Du Tertre sobre os negros.

A partir do ultimo quarto século XVII o complexo açucareiro escravista francês ganharia um alento fundamental em 1697, com a incorporação definitiva da parte ocidental da ilha de São Domingos.

Labat trouxe uma modificação importante em relação á organização formal que havia sida empregada por Du Tertre, no livro deste, houve uma clara divisão entre os assuntos referente á história política das ilhas e os que diziam respeito á história natural, Labat afastou-se deste padrão rígido: sua exposição assemelhou-se a um diário de viagem, pois encadeamento dos assuntos registrados obedeceu á seqüência cronológica da vivencia do autor nas Antilhas.

No inicio do século XVII, a economia das Antilhas francesas já era totalmente dependente do trabalho escravo.

Em relação ás práticas de administração dos escravos na manufatura do açúcar, o autor também se preocupou em prescrever medidas que possibilitasse um uso mais racional da mão –de- obra, como o escalonamento das horas nas moendas e caldeiras.

Labat concordou com o quantum relativo á farinha de mandioca, e recomendou que os proprietários tivessem uma abundância de pés de mandioca plantada por toda a plantation, pois a aquisição de farinha no mercado custava caro.

Os senhores razoáveis, dispostos a garantir o provimento de carne, suplantavam a sua falta nos períodos de conflitos plantando batata e inhames. Dois abusos mais graves mais graves eram por eles cometidos. O primeiro consistia em dar uma quantidade semanal de aguardente para o escravo em substituição á farinha e á carne seca, o que forçava o negro a ter que trocar forma da plantation, nos mercados dominicanos a bebida por mantimentos. o segundo abuso referia – se ao “modo do Brasil”. O ponto criticado por Labat não foi à prática da cessão de roças para o cultivo autônomo dos escravos, mas o fato de que os senhores se desobrigavam, ao adotar este sistema, de fornecer qualquer vestimenta ou alimentação àqueles.

Enfim, os anglicanos, os jesuítas radicados na América portuguesa e dominicanos franceses, por conta de seus diferentes projetos políticos inserção em respectivos jogos imperiais, deram respostas distintas ao movimento de mercantilização acelerada da economia escravista do novo Mundo na passagem do século XVII para o XVIII. Jean e Labat adotaram o ponto de vista dos agentes escravistas coloniais, mais afinados á imagem moderna do entrepreneur.

Esse Texto é um resumo da obra de Rafael de Bivar Marquese, Usado no seminário de América I apresentado por Edimarcio (eu), Elandia, Isabel, Janete e Mirian. Ambos graduandos do curso de História, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Duque de Caxias - FEUDUC.

WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 10ª edição, editora Pioneira, 1996.

WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 10ª edição, editora Pioneira, 1996.

I PARTE – O PROBLEMA

CAPÍTULO I

Filiação Religiosa e Estratificação Social

Weber analisou que na Alemanha, geralmente católicos escolhiam ocupações profissionais como o artesanato enquanto o protestante a especialização técnica, ocupando cargos em indústrias e empregos de curso superior, onde ele destaca o calvinismo, pietismo, metodismo e as seitas de origem anabatista que com base em sua doutrina, fizeram com que esses dessem uma importante contribuição para a formação do espírito capitalista. O que explica Max Weber nessa citação:

o protestante prefere saciar-se e o católico dormir sem ser perturbado.” (pág. 23)

CAPÍTULO II

O Espírito do Capitalismo

Aqui Max explicará o que ele chama de espírito do capitalismo organizado e racional, mostrando que a cada tempo perdido isto se reflete em perca de capital, onde ele cita:

Lembra-te de tempo é dinheiro. Aquele que pode ganhar dez Xelins por dia por se trabalho e vai passear, ou fica vadiando metade do dia, embora não despenda mais do que seis pence durante seu divertimento ou vadiação, não deve computar apenas essa despesa; gastou, na realidade, ou melhor, jogou fora, cinco xelins a mais.” (pág. 29)

O autor mostra que dinheiro gera dinheiro, quanto mais tiver, mais se obtém lucro rapidamente e que o trabalho tem que ser levado a níveis extremos para uma maior remuneração.

Weber também cita na página 30 o exemplo do bom pagador, que quanto mais responsável for com a sua dívida, mais crédito terá na praça, eis a sua citação:

o bom pagador é dono da bolsa alheia.” (pág.30)

Segundo Weber o espírito com que a empresa é dirigida de alguma forma estão ligados por alguma relação que vai se adequando, mas, não interdepende uma da outra, como é mostrado na página 41.

Benjamin Franklin foi contaminado pelo espírito do capitalismo, em uma época que sua empresa não era tão diferente de uma empresa artesanal.

Em seu entendimento desta filosofia, ganhar dinheiro dentro da ordem econômica moderna e, enquanto for feito legalmente, é o resultado e a expressão de virtude e de eficiência em uma vocação e estas virtudes e eficiência são o coração da ética de Benjamin Franklin.

CAPÍTULO III

A Concepção de Vocação de Lutero;

Tarefa da Investigação

Neste capítulo Weber mostra o princípio do sistema capitalista moderno segundo a vocação protestante, como um chamado de Deus, como pensa Calvino e outras seitas puritanas, que incorporaram dentro da doutrina o trabalho como um caráter religioso:

a profissão concreta do indivíduo vai sendo, com isso, interpretada cada vez mais como um dom especial de Deus, e, a posição que ele oferece na sociedade, como preenchimento da vontade divina.” (pág. 57)

Mas o autor frisa muito bem que tanto o capitalismo como o seu espírito não são frutos da reforma:

Por outro lado, contudo, não se pode se quer aceitar uma tese tola ou doutrinária segundo a qual o ‘espírito do capitalismo’ (...) somente teria surgido como conseqüência de determinadas influências da reforma, ou que, o capitalismo, como sistema econômico, seria um produto da reforma”. (pág. 61)

II PARTE – A ÉTICA VOCACIONAL DO PROTESTANTISMO ASCÉTICO

CAPÍTULO IV

Fundamentos Religiosos do Ascetismo Laico

Nesta parte do seu livro Max Weber mostra o que ele chama de representantes históricos do protestantismo ascético, que são: o calvinismo na forma que assumiu na sua principal área de influência na Europa Ocidental, especialmente no século XVII; o pietismo; o metodismo; as seitas que derivam do movimento batista. Weber analisa a influência psicológica geradas por essas doutrinas, com origem na crença e prática religiosa que visam regular a conduta do indivíduo.

A primeira doutrina que aborda nesse capítulo é o Calvinismo, que se difundiu em países capitalisticamente desenvolvidos, como é o caso dos países baixos, Inglaterra e França, das lutas políticas e culturais dos séculos XVI e XVII, ligados a João Calvino. Weber no seu entendimento, tanto em sua época e nos dias de hoje, analisou a doutrina da predestinação e da jurisdição, que são dogmas tão característicos dessas religiões. Os grandes sínodos do século XVII, principalmente os de Dordrecht e Westminster, além de numerosos outros menores, fizeram de sua elevação à autoridade canônica o objetivo principal de seus trabalhos. A doutrina da predestinação segundo ele cada indivíduo se sentia um escolhido para combater as forças do demônio, segundo o apóstolo seria uma maneira de adquirir autoconfiança e de certa maneira fortalecer a fé e a vocação. Então, no entendimento de Weber desta doutrina, uma intensa atividade profissional era reco-mendada, como o meio mais adequado para alcançar a autoconfiança.

Para Weber, a doutrina da predestinação, no caso dos calvinistas substituiu a aristo-cracia espiritual dos monges, alheia e superior ao mundo, pela aristocracia espiritual dos predestinados santos de Deus, integrados no mundo. Já para os luteranos que tinha uma doutrina centrada na graça dos sacramentos e na igreja visível, faltava essa força psico-lógica de conduta sistemática que o compelisse à racionalização metódica da vida, como é o que aconteceu no calvinismo:

ficamos convencidos de que, a seu modo, ela teve não só uma consistência quase única, mas que seu efeito psicológico foi extraordinariamente poderoso.” (pág. 90)

O segundo grupo estudado por Weber foi o pietismo de Spener, que possui como característica a emoção e um controle ascético da conduta vocacional, fornecendo base religiosa para a ética da vocação com uma maior solidez, que o simples respeito laico de cristãos luteranos. O pietismo influenciou muitas classes de trabalhadores e o empregador que é muito citado por Weber o conde Zinzendorf. Diferente do calvinismo que segundo ele estaria diretamente relacionado com empreendedores capitalistas.

O metodismo de Jhon Wesley, é o terceiro grupo analisado por Max Weber, uma outra vertente religiosa que tem como característica a emoção e a ética ascética racional, imposta pelo puritanismo. Onde a predestinação dá lugar ao certitudo salutis derivada do testemunho do espírito. Em que o ser humano nesta vida, pode trabalhar em seu ser, em virtude da divina graça, obter a santificação, a perfeita consciência a respeito de se libertar do pecado. É uma doutrina de regeneração, que na prática sua influência é limitada no desenvolvimento do sistema capitalista, como é a sua citação:

podemos deixar de lado o metodismo como um produto tardio já que ele nada ajuntou de novo ao desenvolvimento da idéia de vocação.” (pág. 101)

As seitas batistas é o quarto e último elemento de sua analise nesse capítulo, que na verdade Max Weber esteja falando das vertentes que estão ligadas ou emergiram do movimento anabatista, cujo expoente máximo é Menno Simons, na qual a derivação de seu nome é hoje nome dado a essa doutrina conhecida por Menonitas, também ligados a esse movimento estão os próprios batistas e Quakers. Segundo Weber essas doutrinas derivadas do movimento anabatista nada mais é que igreja crente ou mais uma seita como segue na citação dele abaixo:

As mais importantes idéias de todas essas comunidades, cuja influência no desenvolvimento da cultura somente pode ser bem esclarecida em uma conexão algo diferente, são algo com que já estamos familiarizados: a believer’s church.” (pág. 102)

Para Max Weber tendo os descendentes dos anabatistas rejeitado a doutrina da predestinação, o caráter racional da moralidade batista:

apoiou-se psicologicamente, acima de tudo, na idéia da ‘espera’ pela ação do espírito, que, mesmo hoje caracteriza o meeting Quaker e é bem analisada por Barclay.” (pág. 105)

Foi para ele algo que de certa forma enfraqueceu a concepção calvinista de vocação, ao mesmo tempo, por várias circunstancias, aumentavam as doutrinas de origem anabatista e um maior interesse vocacional de caráter econômico. Eles recusavam cargos públicos, uma recusa a todas as coisas mundanas, pois para os menonitas e os quakers só o simples fato de pegar em armas e prestar juramentos, se caracterizaria um ato de violência e idolatria, o que seria contra toda uma regra imposta pelo novo testamento, onde eles procuram manter a vida simples do cristão primitivo, como mostra Weber nesse Parágrafo:

Mas, todas as comunidades batistas desejavam ser ‘puras’ igrejas, no sentido da inocente conduta de seus membros. Um repúdio sincero do mundo e de seus interesses e uma submissão incondicional a Deus, que nos fala através da consciência, eram os únicos sinais infalíveis da verdadeira redenção, e um tipo de conduta correspondente a salvação.” (pág. 105)

Para Weber essa ofensiva dos cristãos de origem anabatista, em oposição ao estilo de vida aristocrático, onde toda a consciente e sutil conduta racional estava direcionada a vocações opositoras a política. Na conclusão deste capítulo Weber mostra que:

Esta racionalização da conduta dentro deste mundo, mas para o bem do mundo do além foi à conseqüência do conceito de vocação do protestantismo ascético.” (pág. 109)

CAPÍTULO V

A Ascese e o Espírito do Capitalismo

Neste capítulo Max Weber, mostra que a vocação ascética analisada por Richard Baxter, não é um destino que o homem é submetido e sim mais um mandamento de Deus para que todos trabalhem para a sua glória, foi a diferença que teve conseqüências psicológicas enormes, levando a um maior aperfeiçoamento dessa providência da ordem econômica.

Não se trata assim do ‘time is money’ de Franklin, mas a proposição lhe é equivalente no sentido espiritual: ela é infinitamente valiosa, pois, de toda hora perdida no trabalho redunda uma perda de trabalho para a glorificação de Deus.” (pág. 112)

Outra questão mencionada, é que os puritanos não toleravam a interferência em seu trabalho, pois era o exercício fiel do seu vocacionado, a não ser quando havia excesso de dinheiro (riqueza) que levaria o homem a vadiagem, pois isso ele haveria de prestar contas a Deus, como Weber mostra nesse parágrafo:

A riqueza, desta forma, é condenável eticamente, só na medida que constituir uma tentação para a vadiagem e para o aproveitamento pecaminoso da vida.” (pág. 116)

Para Weber à medida que o estilo de vida puritano se espalhou centrando a idéia de vocação no trabalho, favoreceu o desenvolvimento de uma economia burguesa e racional, descaracterizando um simples acumulo de capital, nascendo a partir daí “o homem econômico”. A procura desesperada pelo reino de Deus se transforma em virtude econômica, onde começaria a decadência do princípio religioso sendo substituído pela secularidade utilitária, a ética profissional burguesa. A ascese cristã proporcionou ao cristão da reforma, uma vida longe dos vícios que o mundo oferece como o álcool por exemplo, fazendo do seu trabalho uma vocação, tanto o empregado como o empregador lucrava, claro que o segundo muito mais, essa racionalidade foi segundo Max Weber:

Um dos componentes fundamentais do espírito do moderno capitalismo, e não apenas deste, mas de toda a cultura moderna: a conduta racional baseada na idéia de vocação, nasceu – segundo se tentou demonstrar nessa discussão – do espírito da ascese cristã.” (pág. 130)

CONCLUSÃO

A idéia da ascese e o trabalho como vocação foram os fundamentos para que Max Weber pudesse explicar o desenvolvimento do capitalismo, com base na religião, que ele aborda desde a doutrina católica passando pelas vertentes da reforma até o espírito puritano, pegando como característica esse último o homem sóbrio em plena condição mental, realizará melhor o trabalho, se isentando dos gastos com a suposta “vadiagem”, se tornando um empreendedor, alimentando essa citação “dinheiro gera dinheiro” o capitalismo em sua forma pura e original.