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sexta-feira, 8 de julho de 2011

WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 10ª edição, editora Pioneira, 1996.

WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. 10ª edição, editora Pioneira, 1996.

I PARTE – O PROBLEMA

CAPÍTULO I

Filiação Religiosa e Estratificação Social

Weber analisou que na Alemanha, geralmente católicos escolhiam ocupações profissionais como o artesanato enquanto o protestante a especialização técnica, ocupando cargos em indústrias e empregos de curso superior, onde ele destaca o calvinismo, pietismo, metodismo e as seitas de origem anabatista que com base em sua doutrina, fizeram com que esses dessem uma importante contribuição para a formação do espírito capitalista. O que explica Max Weber nessa citação:

o protestante prefere saciar-se e o católico dormir sem ser perturbado.” (pág. 23)

CAPÍTULO II

O Espírito do Capitalismo

Aqui Max explicará o que ele chama de espírito do capitalismo organizado e racional, mostrando que a cada tempo perdido isto se reflete em perca de capital, onde ele cita:

Lembra-te de tempo é dinheiro. Aquele que pode ganhar dez Xelins por dia por se trabalho e vai passear, ou fica vadiando metade do dia, embora não despenda mais do que seis pence durante seu divertimento ou vadiação, não deve computar apenas essa despesa; gastou, na realidade, ou melhor, jogou fora, cinco xelins a mais.” (pág. 29)

O autor mostra que dinheiro gera dinheiro, quanto mais tiver, mais se obtém lucro rapidamente e que o trabalho tem que ser levado a níveis extremos para uma maior remuneração.

Weber também cita na página 30 o exemplo do bom pagador, que quanto mais responsável for com a sua dívida, mais crédito terá na praça, eis a sua citação:

o bom pagador é dono da bolsa alheia.” (pág.30)

Segundo Weber o espírito com que a empresa é dirigida de alguma forma estão ligados por alguma relação que vai se adequando, mas, não interdepende uma da outra, como é mostrado na página 41.

Benjamin Franklin foi contaminado pelo espírito do capitalismo, em uma época que sua empresa não era tão diferente de uma empresa artesanal.

Em seu entendimento desta filosofia, ganhar dinheiro dentro da ordem econômica moderna e, enquanto for feito legalmente, é o resultado e a expressão de virtude e de eficiência em uma vocação e estas virtudes e eficiência são o coração da ética de Benjamin Franklin.

CAPÍTULO III

A Concepção de Vocação de Lutero;

Tarefa da Investigação

Neste capítulo Weber mostra o princípio do sistema capitalista moderno segundo a vocação protestante, como um chamado de Deus, como pensa Calvino e outras seitas puritanas, que incorporaram dentro da doutrina o trabalho como um caráter religioso:

a profissão concreta do indivíduo vai sendo, com isso, interpretada cada vez mais como um dom especial de Deus, e, a posição que ele oferece na sociedade, como preenchimento da vontade divina.” (pág. 57)

Mas o autor frisa muito bem que tanto o capitalismo como o seu espírito não são frutos da reforma:

Por outro lado, contudo, não se pode se quer aceitar uma tese tola ou doutrinária segundo a qual o ‘espírito do capitalismo’ (...) somente teria surgido como conseqüência de determinadas influências da reforma, ou que, o capitalismo, como sistema econômico, seria um produto da reforma”. (pág. 61)

II PARTE – A ÉTICA VOCACIONAL DO PROTESTANTISMO ASCÉTICO

CAPÍTULO IV

Fundamentos Religiosos do Ascetismo Laico

Nesta parte do seu livro Max Weber mostra o que ele chama de representantes históricos do protestantismo ascético, que são: o calvinismo na forma que assumiu na sua principal área de influência na Europa Ocidental, especialmente no século XVII; o pietismo; o metodismo; as seitas que derivam do movimento batista. Weber analisa a influência psicológica geradas por essas doutrinas, com origem na crença e prática religiosa que visam regular a conduta do indivíduo.

A primeira doutrina que aborda nesse capítulo é o Calvinismo, que se difundiu em países capitalisticamente desenvolvidos, como é o caso dos países baixos, Inglaterra e França, das lutas políticas e culturais dos séculos XVI e XVII, ligados a João Calvino. Weber no seu entendimento, tanto em sua época e nos dias de hoje, analisou a doutrina da predestinação e da jurisdição, que são dogmas tão característicos dessas religiões. Os grandes sínodos do século XVII, principalmente os de Dordrecht e Westminster, além de numerosos outros menores, fizeram de sua elevação à autoridade canônica o objetivo principal de seus trabalhos. A doutrina da predestinação segundo ele cada indivíduo se sentia um escolhido para combater as forças do demônio, segundo o apóstolo seria uma maneira de adquirir autoconfiança e de certa maneira fortalecer a fé e a vocação. Então, no entendimento de Weber desta doutrina, uma intensa atividade profissional era reco-mendada, como o meio mais adequado para alcançar a autoconfiança.

Para Weber, a doutrina da predestinação, no caso dos calvinistas substituiu a aristo-cracia espiritual dos monges, alheia e superior ao mundo, pela aristocracia espiritual dos predestinados santos de Deus, integrados no mundo. Já para os luteranos que tinha uma doutrina centrada na graça dos sacramentos e na igreja visível, faltava essa força psico-lógica de conduta sistemática que o compelisse à racionalização metódica da vida, como é o que aconteceu no calvinismo:

ficamos convencidos de que, a seu modo, ela teve não só uma consistência quase única, mas que seu efeito psicológico foi extraordinariamente poderoso.” (pág. 90)

O segundo grupo estudado por Weber foi o pietismo de Spener, que possui como característica a emoção e um controle ascético da conduta vocacional, fornecendo base religiosa para a ética da vocação com uma maior solidez, que o simples respeito laico de cristãos luteranos. O pietismo influenciou muitas classes de trabalhadores e o empregador que é muito citado por Weber o conde Zinzendorf. Diferente do calvinismo que segundo ele estaria diretamente relacionado com empreendedores capitalistas.

O metodismo de Jhon Wesley, é o terceiro grupo analisado por Max Weber, uma outra vertente religiosa que tem como característica a emoção e a ética ascética racional, imposta pelo puritanismo. Onde a predestinação dá lugar ao certitudo salutis derivada do testemunho do espírito. Em que o ser humano nesta vida, pode trabalhar em seu ser, em virtude da divina graça, obter a santificação, a perfeita consciência a respeito de se libertar do pecado. É uma doutrina de regeneração, que na prática sua influência é limitada no desenvolvimento do sistema capitalista, como é a sua citação:

podemos deixar de lado o metodismo como um produto tardio já que ele nada ajuntou de novo ao desenvolvimento da idéia de vocação.” (pág. 101)

As seitas batistas é o quarto e último elemento de sua analise nesse capítulo, que na verdade Max Weber esteja falando das vertentes que estão ligadas ou emergiram do movimento anabatista, cujo expoente máximo é Menno Simons, na qual a derivação de seu nome é hoje nome dado a essa doutrina conhecida por Menonitas, também ligados a esse movimento estão os próprios batistas e Quakers. Segundo Weber essas doutrinas derivadas do movimento anabatista nada mais é que igreja crente ou mais uma seita como segue na citação dele abaixo:

As mais importantes idéias de todas essas comunidades, cuja influência no desenvolvimento da cultura somente pode ser bem esclarecida em uma conexão algo diferente, são algo com que já estamos familiarizados: a believer’s church.” (pág. 102)

Para Max Weber tendo os descendentes dos anabatistas rejeitado a doutrina da predestinação, o caráter racional da moralidade batista:

apoiou-se psicologicamente, acima de tudo, na idéia da ‘espera’ pela ação do espírito, que, mesmo hoje caracteriza o meeting Quaker e é bem analisada por Barclay.” (pág. 105)

Foi para ele algo que de certa forma enfraqueceu a concepção calvinista de vocação, ao mesmo tempo, por várias circunstancias, aumentavam as doutrinas de origem anabatista e um maior interesse vocacional de caráter econômico. Eles recusavam cargos públicos, uma recusa a todas as coisas mundanas, pois para os menonitas e os quakers só o simples fato de pegar em armas e prestar juramentos, se caracterizaria um ato de violência e idolatria, o que seria contra toda uma regra imposta pelo novo testamento, onde eles procuram manter a vida simples do cristão primitivo, como mostra Weber nesse Parágrafo:

Mas, todas as comunidades batistas desejavam ser ‘puras’ igrejas, no sentido da inocente conduta de seus membros. Um repúdio sincero do mundo e de seus interesses e uma submissão incondicional a Deus, que nos fala através da consciência, eram os únicos sinais infalíveis da verdadeira redenção, e um tipo de conduta correspondente a salvação.” (pág. 105)

Para Weber essa ofensiva dos cristãos de origem anabatista, em oposição ao estilo de vida aristocrático, onde toda a consciente e sutil conduta racional estava direcionada a vocações opositoras a política. Na conclusão deste capítulo Weber mostra que:

Esta racionalização da conduta dentro deste mundo, mas para o bem do mundo do além foi à conseqüência do conceito de vocação do protestantismo ascético.” (pág. 109)

CAPÍTULO V

A Ascese e o Espírito do Capitalismo

Neste capítulo Max Weber, mostra que a vocação ascética analisada por Richard Baxter, não é um destino que o homem é submetido e sim mais um mandamento de Deus para que todos trabalhem para a sua glória, foi a diferença que teve conseqüências psicológicas enormes, levando a um maior aperfeiçoamento dessa providência da ordem econômica.

Não se trata assim do ‘time is money’ de Franklin, mas a proposição lhe é equivalente no sentido espiritual: ela é infinitamente valiosa, pois, de toda hora perdida no trabalho redunda uma perda de trabalho para a glorificação de Deus.” (pág. 112)

Outra questão mencionada, é que os puritanos não toleravam a interferência em seu trabalho, pois era o exercício fiel do seu vocacionado, a não ser quando havia excesso de dinheiro (riqueza) que levaria o homem a vadiagem, pois isso ele haveria de prestar contas a Deus, como Weber mostra nesse parágrafo:

A riqueza, desta forma, é condenável eticamente, só na medida que constituir uma tentação para a vadiagem e para o aproveitamento pecaminoso da vida.” (pág. 116)

Para Weber à medida que o estilo de vida puritano se espalhou centrando a idéia de vocação no trabalho, favoreceu o desenvolvimento de uma economia burguesa e racional, descaracterizando um simples acumulo de capital, nascendo a partir daí “o homem econômico”. A procura desesperada pelo reino de Deus se transforma em virtude econômica, onde começaria a decadência do princípio religioso sendo substituído pela secularidade utilitária, a ética profissional burguesa. A ascese cristã proporcionou ao cristão da reforma, uma vida longe dos vícios que o mundo oferece como o álcool por exemplo, fazendo do seu trabalho uma vocação, tanto o empregado como o empregador lucrava, claro que o segundo muito mais, essa racionalidade foi segundo Max Weber:

Um dos componentes fundamentais do espírito do moderno capitalismo, e não apenas deste, mas de toda a cultura moderna: a conduta racional baseada na idéia de vocação, nasceu – segundo se tentou demonstrar nessa discussão – do espírito da ascese cristã.” (pág. 130)

CONCLUSÃO

A idéia da ascese e o trabalho como vocação foram os fundamentos para que Max Weber pudesse explicar o desenvolvimento do capitalismo, com base na religião, que ele aborda desde a doutrina católica passando pelas vertentes da reforma até o espírito puritano, pegando como característica esse último o homem sóbrio em plena condição mental, realizará melhor o trabalho, se isentando dos gastos com a suposta “vadiagem”, se tornando um empreendedor, alimentando essa citação “dinheiro gera dinheiro” o capitalismo em sua forma pura e original.

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